Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Leite

O moço pega no pau
A moça pega no pau
O moço trabalha no pau
A moça trabalha o pau

O suor do sofrimento
O suor da diversão
O choro, o tormento
O bom ato da felação

O moço tira lá do pau
O que a moça faz o pau soltar
O moço aprecia a seiva
A moça aprecia o gozar

O que a moça deleita
O moço não aproveita
Na condição talvez aceita
De não ter tempo de parar

Da matéria do prazer
O moço tira o seu sustento
Do produto do sustento
A moça tira seu prazer

Prazer de poder fazer
Sem ter mesmo que fazer
De jogar fora uma vida
Antes, pasmem, de nascer

Ao que o moço acreano
De nascença alagoano
Faz sem ter algum engano
Mais um pra tirar do pau

E a moça e o moçoilo
Ambos jovens afoitos
Se aproveitam pelo coito
Do cabeça chata morto

Morto e frígido.

2 comentários:

Dayane Abreu disse...

Quase um Drummond.

Anônimo disse...

Wow. Day, eu ia dizer a mesma coisa. Já leu o Amor natural do drummond? é muito bom, e esse poema me lembrou o genero dele( totalmente diferente dos outros livros que o drummond escreveu). Gostei.