Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

domingo, 24 de julho de 2011

Fim de semana

Te espero sorrindo na cama cortada. Da parte de cima, inaugura-se avenida, que clama o suor do sorrir inocente, que sempre aparece quando o fim começa. Espero deitado, meio curvado, de pés na parede. Espero a brisa bater, e fazer arder meus olhos que transbordam água. Entra, brisa, corre pelo cômodo! Corre com asas de andorinha e traz do Sul o calor da moça! E não é que traz, mesmo?, esse vento suave. Suave como a pele que recheia o algodão, que teima em cobrir a hedônia matéria.
Não há força têxtil mais resistente que minhas mãos ávidas não possam desintegrar. E desintegram para o canto, enquanto canto longas expirações. Minha embalagem é também deslocada ao chão, e pele com pele configuram um epitélio único. E lá no Acre, o Mendes troca o suor dele pelo meu e da companheira. Música orquestrada soa ao fundo, mas tão presente quando pode, ao que a soprano canta a melodia ditada pela batuta.
À janela, um jardim é tão nítido que mais parece estar rodeando-nos, enquanto cirandamos cintilantemente deitados. E eu pirilampo veemente, gozando do ofício de fazer a luz aparecer e sumir. Oh, menina que ri das cantigas, abra teu coração e deixe-me jorrar alegrias em teu seio! Agora assistamos juntos, ao mesmo tempo, à chuva de fogos de artifício que despontam dos céus. As fagulhas vêm aos poucos, em partes, diminuindo de intensidade, até que esteja finda. Porém, a alegria proporcionada não nos foge. Deitados, sorrimos ao Olimpo. Observaremos as nuvens até que fechemos os olhos e sonhemos. Decerto sonharei contigo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Para Doxa.

E quando se acorda desejando a faceira e a beata?
O que fazer?
Quando se dorme a musica querendo o silêncio?
Como proceder?
Jogar-se aos baralhos?
Adentrar as pernas retalhos?

Hoje olhei para um umbigo e vi semente,
olhei para o inquieto e vi doente,
enfermo sem salvação.

Hoje olhei para a mãe e vi papoula,
rija, firme e duradoura,
em seu contínuo rodopiar.

Perdi a hora, esqueci da aurora e fui bailar.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

P.A.

A1 = O homem pensa.
A2 = O homem pensa no que o outro está pensando.
A3 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro está pensando.
A4 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro pensa que o outro está pensando.
A5 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro está pensando.
A6 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro está pensando.
A7 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro está pensando.
A8 = O homem pensa no que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro pensa que o outro está pensando.
.
.
.
An = Não chega a lugar algum.