Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sonho e real

A imaginação é tão bela que não pode ser tão bela. Divino deu ao homem a capacidade de não embelezar tanto o pensamento. Pense você, se os sonhos fossem tão bonitos, pra quê viver? Acorde e agradeça ao sol por ser tão quente, agradeça ao ônibus por ser tão cheio, agradeça ao chefe por ser um falastrão. O despertar parafraseia John Lennon, e põe fim ao sonho, e te diz que a realidade é mais difícil do que se pensa. Imagine-se imaginando um campo tão belo quanto Monet pintaria. Agora olhe para fora da janela do ônibus. Levante-se e cumprimente o buraco que fez o coletivo tremer e te acordou, pois ele não te deixou sorrir por muito tempo, e te mostrou o que o olho aberto olha.
Goze da sorte, também, de a realidade não ser exatamente igual à imaginação. Nunca saberíamos quando estamos sonhando ou vivendo a vida real. O beijo da platônica amante poderia ser mentira, e a própria moça correria o risco de ser devaneio. Por outro lado, tudo poderia ser real, mas acharias que é ilusão. E agora? Agora agradeça ao engenheiro que te projetou por ter feito a ilusão diferente da visão do olho.
Sorria pro sonho, sorria pro mundo. Chore no sonho, chore no mundo. Só não confunda os dois, pois você pode sorrir pro sonho e chorar no mundo; ou sorrir pro mundo e chorar no sonho. Talvez o texto não faça sentido pra você, porque eu o escrevi enquanto sonhava. Porém, tenho certeza que quando postei, estava acordado; meu amigo rinoceronte voador pode comprovar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Rimas forçadas que não resumem a força feita para forçar uma rima

  • O carro enguiçou. E agora? Já não se chama quem namora, mas que mora na amora que adora me amolar. Não se cola com a cola a mola que ali se embola. Chora a mola, chora a cola, chora bola e mariola.
  • O burro empacou. O que faremos? Já não sabemos nem entendemos o que para o vento dissemos. Suponhamos que dissemos que não tememos mais cossenos. Mas se bebemos e esquecemos, aí são lá outros quinhentos.
  • A bolsa caiu. Caiu o quê? Não importa o quê. Ficar de psiqué é tão demodé. Vai deixar acontecer no laissez-faire laissez-passer? Fazer valer a pena o simples ato de viver cai tão bem em você quanto um prato de purê.
  • O pássaro partiu. Pra onde voou? Foi pro sul, rasgou, falou que ia e não voltou. Tacou fogo no celeiro a mãe ali deixou. Para a mãe esganiçante o pobre ainda assobiou: cantou o hino da França e revolucionou.
  • E o amor acabou. Acabou como? Acabou no sono redondo que envolvia o mordomo. O último dono era um gnomo, que tinha um cromossomo que o fazia rimar. O Rei Momo, sem embromo, rimou bromo com cromo.
  • Drummond chorou. Que pena. A próxima cena será mais amena, e a chilena de antena não rirá como hiena. Rirá a cada quinzena com cara de quem condena, pois sua ponte de safena não mais aforismas armazena.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Metalinguagem

Junte toda sua flora sentimental
E pegue o bonde para o Catete
Pule fora sorrateiramente
E grite tudo que viu

Tenha mais de sete faces
E não as jogue para o alto
Pois dose como açúcar
E se os demais lamberem os beiços,
não as exponha demais

Carregue sempre um óculos
Uma luminária seria de bom grado
Dê uma passagem em Belgrado
Só pra ter uma riminha acidental

Por último, seja uma peça
Pode ser de roupa, teatro...
Pode ser até o verbo conjugado
No subjuntivo complexo logaritmo

Aí acaba, está pronto
Do forno sai uma folha de papel
Junto saem um padre, um português e um papagaio
Mas aí a história é outra