Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"Não piso nem sinto"

Eis que me descubro,pelos olhos da faceira.Sei que sou passível de conclusão primeira,premeditada e rasteira,já de sopetão.
Amo tudo e a todos sem compaixão,sem por que ou perdão,pelo simples prazer de querer.
Meu papel encontra a tinta,minha voz encontra o tom,e meu bico,inúmeras flores transbordando pólem.
Homo-sapiens que sou,quero mais.Quero entrar em almas e pensar por elas pra que se deliciem com meu parecer,e quero comer a carne com o mesmo amor que lhes dou em gravuras remelentas ou abraços fraternos.

Só gostaria de saber o por que.O por que do medo sem fim que nutre as mentes dos menos poéticos.O medo de amar que impedem as pessoas de ouvir declarações sem sentir constrangimento,que impedem homens de demonstrar carinho a amigos e mulheres a amigas.Que desfazem laços fortes como os da amizade apaixonada,como ela sempre deveria ser.
Cá pra nós,vou dizer-lhes.Tenho alguma dificuldade em possuir amizades femininas...Já que quando gosto muito de alguém do sexo oposto,a tendência é a de querer beija-las e afaga-las com todo o carinho que puder oferece-las.Já que pra mim,isso é amar.

Quer desenhos?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Codicilo

E não duvidei do que viria a ser.
E não duvidei do que viria a ter.
E duvido que não mais será.
E duvido que um dia se vá.

Tudo e todos que jazeram e voaram, cacei e encaixotei.
Caixa fechada, martelada, escondida, guardada por todos os monstros.
Não vou abrí-la nunca mais, mas aponto com todos os dedos: ali está o que passou,
Todavia, cada festejo, cada gracejo, cada lampejo e percevejo que me passaram em presença da alvez, da rubiez e esmeraldez tuas, deixei soltas no bolso. Quando me ocorre de telespectar uma quermesse qualquer, enfio a mão. Tiro risadas, grulhas, peraltices, bulícios, juventude.

E quero transbordar os bolsos de momentos. Quero que os ponteiros dos relógios sejam movimentados por risos. Quero que o cuco cante o amor. Quero que badale suspiros. Quero prá sempre. Até que a foice venha me tocar.
E quando a foice acontecer, peço que fiques com meu maior bem: fica contigo mesma. Num ápice de generosidade, no cume da bondade, deixo-te minha fonte de alegria, jogo a ti minha razão para sentar ao sopé da cama, olhar o escaldo Sol e dizer às chinelas que tudo tem uma razão.
E subo, com a aliança. Grande como o herói Grego, radiante como a Arca de Moisés, glorioso como Júpiter, feliz como eu mesmo.
E de lá te olho, e te guardo. E lá te espero, e te aguardo. Aguardo para que sentes à minha direita, e encoste teu rosto em meu peito. Com um sorriso-de-canto, te beijo a testa. Protetor, protegida.