Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fonte de nada futuro

Como algo tão monótono, dotado apenas de certos caracteres variados, fixa suas teorias somente nas mentes mais abençoadas? Minha mente errática, construída para finalidades meramente humanas, com algarismos primitivos, não responde aos urros da tiragem negra na branca folha, onde se faz presente tal complicação. Um pedaço rabiscado de papel torna-se motivo para autoagressões psicológicas e morais -talvez imorais- na esperança de tornar o numeral, indicado de tinta rubi, no canto superior de tal folha, algo meramente razoável. Mas não se faz possível tal ato, pois, por mais que o expliquem e exemplifiquem e demonstrem, frente, rente, colado ao meu rosto, não decifro qualquer mensagem. Quiçá, um dia, meia-dúzia de acertos venham à tona. Enquanto espero, suicido-me, estudando matemática.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pasmaceira noturna.

Hoje sonhei que via,não sei descrever ao certo, sei dizer que via.
A utopia dos desejos,devaneios escorridos feito bafo embassando vidro em noite fria.
Via o vapor,garrafas vazias cheirando a levedo...Ócio.
Acordo de sopetão,levantando rápido,indo de contra os ensinamentos ortopédicos(deve-se virar o tronco primeiro e depois então o resto do corpo,para que não ocorram avarias na sua formação estrutural...)...Balela!Ouvia barulhos!
Ao vasculhar meu covil, deparo-me cá com uma imagem primária,visível até mesmo no breu a que me faço presente:
Ela era ela,branca, usava curto adereço em listras azuis e brancas,torso vermelho a balançar em seu sublime saltitar.Olhou-me com seus olhos pequeninos e castanhos...Música!Pareciam pedir-me!Dei-lhes Ciganos e violas,e vi rebolarem ínfimos os planetas de modo tão infuso, tão encantador e marvilhoso que mesmo já tendo me feito refém de damas por demais insígnes em mi vida,nunca me passou pelas retinas nada como aquela visão que veio a comparecer ao meu ilhéu imundo de desenhos amarelados e flautas.
De súbito sumiu,deixando em seu lugar bilhete em folhetim esverdeado e um cheiro por minhas narinas nunca sentido em tão simples fragrâncias
Moça,que tuas músicas tocadas a pés e mãos nunca serão pardieiros em minha mente.
E eu,a teu pescoço liso anseio,com mil pontas de dedo e palmas das mãos.

Deixe-os -ounão

Tua tara, traduzida em movimentos contínuos e ligeiros, frente somente ao luar, que cisma em tentar, em vão, ser mais belo que tu, e ao arvoredo de cromática singular, habitado por criaturas dotadas de feições de pequeno ser, mostram-me que tua afeição é única, posto que dedos, em sincronia, tocam-me, e percebo quão deleitoso pode ser um enrijecer. Falo com tal prazer, porém esbravejo carinhosamente quando mo faz, talvez por ser maneira doce de retribuir grosseiramente, talvez por tremeliques provocados. Mas, por ora, deixe meus mamilos repousarem serenos.

domingo, 18 de abril de 2010

Diálogos interespécies

Não, pequena faceira - disse-lhe - saia daqui! Vá procurar outros que te queiram. Rio-me, pois sei que não haverá, em qualquer cadeira de bar, um só corpo que deseje estar ao seu lado!
Não esconda-te dos raios luminosos que encontram tua vista minúscula. Não foste tu o ser que tocou ligeiro em meu alimento, e ali deixou teu rastro? Volte e enfrente-me, como se fosse um alguém provido de força bruta, como eu. Avante! Chinelas nas mãos! Um contra um, à beira da mesa.
Venci a tu, desta vez; sei que teus condescendentes virão repetir teus atos, bulindo minha pessoa. Mas farei o mesmo com cada membro que ousar repousar em meus aposentos humanos, outra vez. Morra... barata malandra.

Medo pra?

Dou-lhe a mão,
Dou-lhe o sol,
Dou-lhe beijos sutis...

E tu,dá-me negros caracóis.

Dou-lhe a palavra.
Dou-lhe os festins.
Dou-lhe o corpo.
Dou-lhe a mim...

E tu,dá-me o medo.

O dia do "eu te amo",
ele há de chegar,
espero ansioso,
pra o danado não tardar.

Hoje lanço a muitos,
pois há muitos que merecem,
embora não o recebam bem,
embora sempre o desprezem.