Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

segunda-feira, 28 de março de 2011

Ponto e vírgula;

Cadê as luzes?, cadê as lâmpadas?, cadê os vagalumes purpurinados que cantavam a chegada do menino dos céus? Tudo se apagou. Trovejou, trevejou.
E as lantejoulas que habitavam cada pálpebra?
E os doces de compota que lambuzavam o peito do menino de joelho ralado?
Cadê as renas que tilintavam guizos, e as histórias fantasiosas que alimentavam risos?
Onde se enfiaram o jogos de tabuleiro que afagavam os mafagafos travados nas línguas de fora?
E aonde foram as cantigas, que embalavam corridas, feridas, caídas e queridas?, que as raparigas de mãos dadas rodavam/rodopiavam, musicando suas vidas?
Cadê o bom abraço, largo, fácil, traço, selando o enlaço de dois amantes de esquina?
E as rimas, e as notas? E as bolas, e as cordas? E cai, e assopra; mas tempo vai e não volta.
Fica quem quer, vai sem perceber. Voa e volta no verão, mas volta com seu sofrer. Força rima e sorriso, fica sempre indeciso.
E nunca há de resgatar, mas tudo tem uma saída: pausa rápida e continua contínua, tal qual um ponto com uma vírgula;

sexta-feira, 4 de março de 2011

Poema escrito de costas

Faz-me escravo, faz-me servo
Faz-me eterno, faz-me cravo
Do meu reino te apago
Da minha bênção eu te nego

Cada verso mais extenso é expulso a marreta
Da morada do capeta tenho afeto, raiva e penso:
É possível coroar sem ao menos ser propenso?
E se coroá-lo-ei, ah!, será de coroa preta

Os espinhos dos olhos falsos brilham e me regam
Os pregos que ainda pregam pedem a todos que sorriam
Sorria ao mundo escuro, que ilumina quando viram
E mais parece um paraíso, mas tem o cheiro dos que rezam

Não jogue fora o que foi dito na mesa de jantar
E nem deixe escapar o que digo que sinto
Medieval demais é quando falam com o cinto
Da opinião do livro que foi lido sem olhar

E na hipocrisia, Eu ardia, Eu sentia, não sentia