Talentosos, perfeitos, bonitos, cheirosos, charmosos e modestos:

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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Saí apressado de casa*. Apanhei chaves, carteira, celular, cinto e sapato, e fui colocando o que tinha que colocar nos bolsos e vestindo o que tinha de vestir pelo caminho**. Dei um bom dia para o porteiro do prédio e rumei ao ponto de ônibus***. Pulei e subi no veículo que, pela hora, encontrava-se abarrotado****. Em pé, demorei mais de quarto de hora para chegar ao ponto final*****. Desci e, correndo, rumei à escola; passos largos, cheguei a tempo******.

* tinha perdido a hora, já que tinha ido dormir tão tarde no dia anterior. Eu não conseguira tirar da cabeça aquela cena da tarde. Aquilo me consumia de forma tão absoluta que meus sonhos se basearam no tal fato, e acordei pensando nele, e tomei banho vendo a imagem do meu lado, e meu pão tinha aquele gosto .
** agradecia aos céus por ter uma casa para onde voltar ao final do dia; uma carteira gordinha com dinheiro, fotos de quem amava, sobrenomes na identidade e notas fiscais das mais diversas peraltices que fiz; o poder da comunicação com o mundo; calças que me caíam ao corpo esbelto por opção; e algo para calçar e proteger-me dos ancilóstomos.
*** nunca dei um bom-dia tão bem dado quanto dei daquela vez. Aposto que ele também deve ter visto aquilo na TVzinha preta-e-branca de dentro da cabine. Parecia atordoado, também. Me deu um bom-dia hesitante, como que não acreditasse que eu, depois de tudo aquilo, ainda achasse que o dia fosse bom. Não achava, mas desejava. Corri em direção à parada de ônibus e vi que todos reproduziam as feições do porteiro - e a minha.
**** naquele remelexo do coletivo, ninguém ficava sentado por muito tempo. A solidariedade era grande, e todos que chegavam tinham direito a sentar. Mas não era por ter crescido a bondade, e sim por culpa. Quem viu o absurdo da noite anterior sentiu-se, certamente, responsável, de alguma forma por aquilo. Eu era um deles. Minha cabeça girava tanto quanto a catraca.
***** o trânsito estava insuportável. A humanidade dos motoristas, que paravam a cada pedestre que ameaçava atravessar a avenida, entupia as vias de carros e mais carros. Ninguém avançava o sinal, ninguém ultrapassava ninguém, a preferência era sempre do outro... Tragicômico. Tudo por culpa daquilo. Ai, remorso coletivo!
****** correndo, todos me observavam. Ainda tinha forças para correr, enquanto todos pareciam rastejar. Meu terceiro atraso no mês! Não! Não poderia ser suspenso e olhar de novo a cara da minha mãe frente à TV. Muito menos da empregada frente ao rádio. E meu irmãozinho, olhando a janela? Cantarolei uma música, para tirar tudo da mente, imaginei cenas românticas. Cheguei à escola. Chega. Logaritmos, tomem conta de mim. Por lá, todos riam, todos corriam pique, todos contavam piadas. Não chegou lá. Chegou, mas se foi rápido. 

PS.: Até as 12:30, esqueci daquilo. Depois lembrei, mas ninguém estava tão mal. Nem mesmo eu. Esqueci. Pronto para a próxima. Sou nem paleontólogo, para viver de passado.

sábado, 10 de setembro de 2011

Understand?

No English todo mundo se vira
No football a galera grita goal quando batem o corner e a bola balança as redes.
No volleyball, bradam 'match point!', quando o tie break está no fim.
No Rock In Rio, os head bangers pedem um heavy metal e fazem mosh.
Em sua home sweet home, o teenager joga playstation e entra no facebook.
No shopping center, a gang come um Big Mac e toma milk-shake.
No country club, a high society joga poker no derby do jockey.
O pessoal mais cool anda de mountain bike e faz trial, quando tem cash.

Em inglês, todo mundo tem know-how! Quero ver o portugueiz!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Baródia

Vou-be ebora bra Basárgada
Abosto que lá sou bei-vido
Tobara gue tenha buitos rebédios
Bra curar beu dariz eitupido.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conjunções

Mas. Sempre tem um Mas. Sempre tem um veneno para encher a metade do copo que estava cheio. Nuvem no céu, onda no mar, choro no rosto. Quisera eu abolir os Poréns da vida. Tanto quero que o tento. Contudo, à vezes aparece um Embora. Rogo desgraças por dentro, prego a paz por fora. Que faço eu se nasci metade? Tomás de Aquino me aponta o caminho da perfeição. No Entanto, mal sabe ele que Todavias podem, mesmo que inconscientemente, aparecer. Daí veem-se vários corpos caídos pela estrada. Apesar de alguns desesperos, facilmente gargalham. Onde encontro-me, parece já avançado, segundo meu sistema nervoso egocêntrico central. Conquanto, somente me é perceptível. 
Ao Contrário de meu desejo, não posso abolir as Conjunções Adversativas e Concessivas. Valha-me, gramática da vida! Não deixe que me coloquem mais predicativos!