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domingo, 12 de dezembro de 2010

Sereia do pombo

Um metro, dois decâmetros, três hectômetros. Quatro milhões de quilômetros asfaltados mostram-se ainda mais infinitos quando separam teu rosto das minhas mãos.
Minha boca foi molhada pela tua há pouco, mas já se mostra seca. Torce ela para que seque até tornar-se areia da praia, onde vais deitar, e tocarei em toda parte do teu corpo alvo. Pudera, também, a boca ser molhada por ser água do mar, e te balançar no ritmo das ondas, num ritmo angelical p'ra acalantar tua alma. Daí abraçar teu corpo por todo lado, e provar da pele salgada que aos peixes seduz.
Pequena sereia/Sereia de rúbios cabelos descendo-lhe o ombro, que faz o simples siri deixar sua morada para apreciar cada curva do teu corpo. Linguados, namorados e caçonetes oferecem suas almas por alguns segundos de atenção da ruiva brilhante. Mas seu coração está ligado a outro. Não sereio, não peixe, mas pombo urbano. Daqueles que se tacam perante automóveis, sem medo de partir pra outro mundo. Mas a rota do pombo é desviada, quando vem em mente a sereia, e sua feição risonha, alegre, o som de suas risadas e da voz macia.
O pombo ainda vive, feliz por saber que a Sereia há de criar pernas, e fugir da costa, vindo em sua direção. Mas, por enquanto, estão separados por um metro, dois decâmetros, três hectômetros, Quatro milhões de quilômetros.

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